463 anos, uma cidade jovem numa perspectiva histórica, mas por outro lado, pensar que estamos no Séc. 21, no rápido e contínuo avanço tecnológico planetário, a terceira maior cidade do Brasil, a linda e histórica Salvador se apresenta muitas vezes como uma província.
A capital da Bahia está desgastada e mal administrada por “velhos” e “carcomidos” conceitos políticos, que não contemplam um desenvolvimento justo, humano na dinâmica de implementação das políticas públicas eficientes.
Salvador é a cidade com o maior número de descendentes de africanos no mundo, com um índice altíssimo de discriminação, violência e homicídio juvenil de negros e pobres. Você que está lendo este texto, reflita: quantos programas você conhece que contemplam adolescentes e jovens em atividades esportivas, culturais e educacionais? Qual é o programa de proteção integral que inclui crianças e adolescentes como prioridade absoluta?
É obrigação do Estado proteger e se responsabilizar socialmente por crianças, adolescentes e jovens, não apenas criminalizar, o tempo da criança não é o mesmo do Estado.
Quais aspectos concretos são apresentados à população suscetíveis de garantias de seus direitos, quando verbas da educação são desviadas e não há nem instalação de creches suficientes?
Seguindo esta lógica e o desumano sistema, que inclui a desigual distribuição de renda, há o ingresso precoce de crianças e adolescentes no mundo do trabalho causando prejuízos na vida dos mesmos, reproduzindo o modelo injusto e discriminatório.

Lixo, palavra muito repetida em nossa sociedade. Incoerentemente os postos de coleta seletiva cada vez mais diminuem e a reciclagem não parece resolver o problema, pois não é adotada de forma efetiva. Segundo o site Ambiente Brasil das quase 115 mil ton. de lixo geradas a cada mês em Salvador, se recicla apenas 2,3 toneladas. Educação ambiental eficiente não é uma prioridade, prova disso é a evidência da cidade muito suja e o destaque constante nos meios de comunicação.
E a moradia na nossa cidade? As demandas do capital imobiliário agravam o atendimento da população nas áreas de habitação popular, incentivando a verticalização crescente pra dar conta da sobrevivência. E assim se configura uma dinâmica comandada pelo capital imobiliário aliado a empreendedores turísticos internacionais, com a privatização e o crescimento cada vez maior da segregação residencial.
Salvador é uma cidade linda, com muito potencial turístico e pouco aproveitado, com muita cultura, sem tradução em saber democrático, uma história fabulosa, muita gente com enorme capacidade artística, mas sem incentivo e apoio.
É preciso produzir uma agenda política e social mais relevante, contemplando com responsabilidade o imaginário coletivo com reconhecimento político da garantia dos direitos das representações sociais e gerar na sociedade um tecido social com correta capacidade de intervenção.
Parabéns cidade maravilhosa, ainda tão desrespeitada pelos seus governantes.....Salve Salvador.