quinta-feira, 1 de maio de 2014

Novos tempos, velhas práticas!

            
Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência. 
(Karl Marx)


            Avante trabalhador! Hoje refleti muito sobre o mundo do trabalho e revi o filme "Tempos Modernos" de Chaplin, que retrata a mecanização do trabalho e a desconsideração do sujeito humano. Em que o trabalhador "alienado" era "mais" uma peça daquele mundo vivificado e organizado pelas máquinas.
            Li certa vez que um trabalhador dessa época, como retrata o filme, trabalhava 10 horas por dia apertando parafusos, sempre na mesma função, ia se aposentar e foi entrevistado sobre o que ele gostaria de fazer no dia após sua aposentadoria, já que durante anos viveu apenas para aquele trabalho. Nunca havia viajado ou tido tempo para lazer com a família e nem havia condições para isso, pois os trabalhadores eram explorados, com péssimos salários para longa jornada de trabalho, já que havia grande oferta de mão-de-obra querendo empregabilidade; então ele respondeu: "passei anos da minha vida apenas apertando este parafuso, não sei fazer outra coisa; amanhã, quero voltar aqui na fábrica e ir até a posição final para ver o que vai ser formado com este parafuso, nunca saí deste local".  
            O que fizeram desses seres humanos? A limitação funcional do operário causava uma alienação psicológica, pois limitava o conhecimento do operário a função, não tendo nenhuma noção da compreensão do todo. Sem contar os problemas físicos ocasionados pela excessiva repetição da mesma atividade inúmeras vezes ao dia, e ainda uma jornada exaustiva de trabalho.
            As décadas de 20 e 30 foram marcadas por lutas e manifestações pelas conquistas trabalhistas, redução de jornada de trabalho, regulamentação do trabalho feminino, greves, formação de partidos operários e participação política nas eleições.
          Apesar de tudo temos que evidenciar o que de positivo surgiu no governo Getúlio Vargas; em 1932 surge o salário mínimo. Em 1˚ de maio de 1943 Vargas assinou a - Consolidação das Leis do trabalhador- CLT. E ratifica direitos trabalhistas adquiridos por meio de muitas lutas: descanso semanal, férias remuneradas, sistema previdenciário, seguro-desemprego; o 13˚ salário, a partir de 1962 e FGTS, a partir de 1966.
            E nós mulheres, como conseguimos nos posicionar diante de um mundo estritamente machista e imposto pelo poder patriarcal? Até a década de 60 o marido podia impedir a esposa de ter um trabalho, caso considerasse que aquela atividade perturbasse as obrigações da mulher na casa. O Código Civil de 1917 dava ao "chefe da família", o homem, este poder. A Constituição Federal de 1988 institui a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres. A mulher foi à luta por seus direitos trabalhistas, mas nem todo direito está na lei; direito é produzido pela sociedade, é mais amplo, formado por normas, princípios, valores, condutas sociais e hoje a luta é crescente por ocupação dos espaços de poder.
            Apesar de muitas lutas e conquistas do trabalhador, vivemos ainda uma era de grande exploração do trabalho pelo capital materializado nas diversas formas de precarização das relações do trabalho: seletividade, desigualdades, exclusão social, são consequências perceptíveis desse processo. Vide a questão das trabalhadoras domésticas, que após um ano de aprovação da lei das domésticas, ainda estão com seus direitos não regulamentados. Estima-se que, em todo o país, cerca de 4,9 milhões de trabalhadores domésticos não têm carteira de trabalho assinada. 
            E hoje como é o cenário brasileiro frente ao mundo do trabalho?  Como se vive com um salário mínimo tão baixo? Há enorme desigualdade de renda, muitas pessoas sem emprego, sem qualificação, sem formação, sem educação formal e sobram pessoas sem empregos. A economia de serviços é diferente da industrial, e assim o mercado se tornou muito flexível. Mas a lógica do conceito marxista do mais-valia permanece. O modo de produção capitalista das empresas é acumular o mais depressa, buscando maior produtividade dos trabalhadores, extrair o máximo de mais-valia de suas fábricas, em menor tempo e o trabalhador segue espoliado.
            Brasil considerado a 7ª economia do mundo pode prover melhores serviços públicos, e muitos brasileiros passam da condição de miseráveis para a classe média baixa, mas a grande chave de mudanças estruturais e de paradigmas para dar maior dignidade ao trabalhador e trabalhadora no Brasil é implementar políticas públicas na educação pública, garantindo oportunidades mais igualitárias, investindo na educação, uma luta insana da categoria e da sociedade por apenas 10% do PIB, sem muitos resultados. 
            Vivemos uma era de crise na sociedade atual, diante da degradação das condições de vida desencadeadas pelas condições inerentes ao capitalismo. O trabalho é um fator da dignidade humana, de emancipação social, negadas diante da exclusão de milhões de pessoas dos postos de trabalho formais e de condições dignas de trabalho. Ainda vivemos no mundo com trabalhos escravagistas, infantil, desumanos e ilegais, algo vergonhoso.
            Avante trabalhadoras e trabalhadores! A luta continua por espaços de trabalhos, que respeitem leis e direitos, sigamos a favor da dignidade humana!
           
Uma ideia torna-se uma força material quando ganha as massas organizadas. (Marx)





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