sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Preconceitos Matam


Cientista, homem de inteligência brilhante, Allan Turing, britânico, desempenhou um papel importante na criação do moderno computador, ou seja, criou a teoria da computação. 

Quando criança era tímido, sem muito convívio social, introvertido, mas um cara de raciocínio brilhante, que logo chamou a atenção dos professores de matemática.

Aos 25 anos publica um artigo sobre “Maquinas Computáveis” onde provava que existiam cálculos impossíveis de serem feitos. Ele imaginava uma máquina capaz de fazer todos os cálculos possíveis, desde que lhe dessem as instruções adequadas. 

Um revolucionário da computação muda os rumos da história da II Guerra Mundial. Os submarinos alemães afundavam 200000 toneladas de embarcações todo mês e o único jeito de descobrir a posição dos submarinos era decifrar suas mensagens. E assim os ingleses foram à caça decodificando 50 000 mensagens por mês, uma por minuto, abatendo submarinos alemães brincando, e secretamente Hitler perdia a guerra para Turing. 

Turing serviu seu país heroicamente, mas em troca seu país exigiu dele sua morte, a morte de seus desejos, de seus sentimentos, a morte de seus amores, a morte de seu corpo. 

A saga humana de um tempo aterrorizador de violência que sangra os homossexuais, ainda arrolado por fortes preconceitos, acabou condenando Turing. A sua homossexualidade resultou em um processo criminal em 1952, pois nesta época no Reino Unido, “os atos homossexuais eram ilegais” e ele acabou aceitando o tratamento com hormônios femininos, a castração química, como alternativa à prisão.

Só que Turing não percebeu que estava mais aprisionado do que imaginava. Seu país aprisionou sua dignidade, seus sentimentos, seus direitos fundamentais de ser humano. Não suportou as algemas da sordidez humana. Em 1954, algumas semanas antes do seu aniversário, numa crise de depressão ele se mata, envenenado por cianeto. 

Mais tarde, o primeiro-ministro Gordon Brown fez um pedido oficial de desculpas público, em nome do governo britânico.

Tarde demais, Turing deveria ter sido homenageado, valorizado e respeitado como pessoa, em vida. Não podemos ser julgados por nossa orientação sexual, mas pelos valores humanos, princípios e ética, tão pouco vistos nos seres humanos.

Um comentário:

  1. Prezada Rose.

    Bom dia.

    Parabéns pelo seu excelente texto.O homem na realidade é o ser mais evoluído e ao mesmo tempo o mais imbecil,violento e covarde.Tudo depende nessa vida do nosso poder de equilibrio existencial.Realmente ,o preconceito é uma das mais pobres e repugnáveis características a que o homem pode potencializar.Gostaria de saber mais sobre sobre esse crime britânico .Há algum livro a respeito?

    Forte abraço,

    Eduardo Leite

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