sábado, 28 de dezembro de 2013

Escrevemos nossa história a cada momento.....




A chegada de 2014 me traz muita esperança e me impulsiona a continuar nas lutas, avançando sempre na conquista das metas, dando continuidade a escrita da minha história.....

A maior conquista de 2013: multidões de brasileir@s alcançaram as ruas, no clamor das vozes, que se calaram por tanto tempo: "queremos mudanças"!! Tantas demandas reprimidas e violações de direitos, por governos, que não representam o povo, a classe trabalhadora, aviltando a essência humana, nos paradigmas do campo ético-político.

O Brasil não melhorou seus índices de saúde, educação e renda e ainda piorou os dados relacionados à pobreza e desigualdade de gênero. Por conta disso, o Brasil recua novamente para a 15ª posição em relação às 20 maiores economias do mundo.

Um país que, segundo pesquisa do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, tem 5,3 milhões de jovens de 18 a 25 anos, 19,5% da população brasileira, que não estuda nem trabalha, a chamada geração Nem Nem. E a maioria é de mulheres negras, pardas e indígenas. E o mais perverso é o fato de que grande parte dessas pessoas abandonam a escola, porque não têm a perspectiva de chegar ao ensino superior. Segundo o IBGE, o maior motivo do abandono ainda é a gravidez precoce. Cadê a implementação de políticas públicas como prevenção da gravidez precoce e indesejada dessas jovens?

O reconhecimento e a garantia dos direitos e da Proteção Integral de Crianças e Adolescentes passam a ser um grande aliado na grande luta ético-política, atualmente. O Brasil ainda apresenta um índice ainda muito baixo de crianças que frequentam a educação infantil. Mais um dado alarmante da UNICEF: 450 mil crianças no nosso semiárido nordestino frequentam escolas sem banheiro. Uma grande mazela o saneamento básico no Brasil! Todas as crianças e os adolescentes precisam de promoção e proteção de seus direitos fundamentais, em sua integralidade.

Mas hoje, no mundo e no Brasil, já vivemos um momento importante, em que a sociedade  é protagonista de um processo de fortalecimento de sua identidade, com uma maior visão social de mundo, e caminha com maior reconhecimento dos direitos humanos. A luta segue firme!

Quero agora me reportar a minha vida pessoal: este ano foi essencialmente especial: no que tange a política, a construção e organização da # Rede Sustentabilidade, foi algo inovador, que nos fez sonhar numa perspectiva de tornar real o debate sobre a condução da política em novos paradigmas conceituais e programáticos, uma Nova Política.

Meus agradecimentos a meu querido amigo Luiz Bassuma. Estivemos juntos 33 anos, muitas alegrias e o quanto aprendi e cresci ao seu lado, minha gratidão por esses anos de amor e amizade. Hoje estamos separados, mas minha amizade por ti é eterna. Estaremos trilhando na luta  por um Brasil justo, pois tu és um homem honrado e digno de toda a felicidade.

Meus filhos, João Luiz, Caroline e Vinícius, meus amores eternos, lembro-me de cada momento de cada chegada de vocês no meu ventre, a alegria do retorno a mais uma reencarnação neste Planeta que nos acolhe com tanta gratidão do nosso Pai Maior, amo vocês. A minha felicidade ainda maior com a presença da Malu, minha netinha saudável e inteligente;  agradeço também ao meu genro, pessoa muito prestativa!

A minha mãe e irmãos, sempre o agradecimento e alegria de fazer parte de uma família grande, barulhenta, unida, que nos amamos muito.

Aos amigos, digo, como é bom ter amigos, meu agradecimento pela confiança e amizade! Cada um de vocês é importante pra mim.

Ao meu Brasil, meu desejo de ser merecedor de ter gestores (as) mais responsáveis e íntegr@s, para efetivar a implementação de políticas públicas mais eficazes, como direito básico e fundamental de cada brasileir@. Por um Brasil sem corrupção, comprometido com a sustentabilidade política, social, econômica e ambiental.

A Deus, meu agradecimento por tantas dádivas, tantas oportunidades que recebo a cada instante.

Um 2014 com muitas realizações, e, a felicidade está em cada momento, mesmo nos pequenos momentos!

Beijos no coração!
               
VIVA 2014!


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Viva as crianças- crianças vivas!

     Crianças como sujeitos de direitos: a partir da Constituição Federal de 1988, crianças e adolescentes foram reconhecidos na condição de sujeitos de direitos e não meros objetos de intervenção no mundo adulto. O Estatuto da Criança e do Adolescente, ECA, (Lei Federal nº 8.069, de 13/07/90) reforça a proteção integral às crianças e adolescentes, seres humanos, em peculiar condição de desenvolvimento.
    A partir dessas prerrogativas  são assegurados às crianças os direitos fundamentais, físico, mental, moral e espiritual, que não podem ser violados. Porém, apesar de avanço das leis, ainda estamos a perguntar, qual é o paradigma ético da prevalência do superior interesse da prioridade absoluta das crianças, na prática?
     Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2012, no Brasil, 3,5 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhavam e na faixa de 5 a 9 anos, 81 mil crianças trabalhavam, indicou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Segundo a UNICEF, aproximadamente uma em cada quatro crianças de 4 a 6 anos estão fora da escola, por que não há creches públicas, consequentemente, 64% das crianças pobres não vão à escola durante a primeira infância. E cerca de 60 mil crianças com menos de 1 ano são desnutridas, comprometendo seu desenvolvimento físico e mental. Onde está a garantia dos direitos da criança à vida, à sobrevivência, ao desenvolvimento, à dignidade  e à integridade física?
     Embora portadoras de direitos, as crianças são especialmente vulneráveis às violações desses direitos, à pobreza e à iniquidade no País. Por exemplo, ainda segundo a UNICEF, 29% da população vive em famílias pobres, mas, entre as crianças, esse número chega a 45,6%. As crianças negras, por exemplo, têm quase 70% mais chance de viver na pobreza do que as brancas; o mesmo pode ser observado para as crianças que vivem em áreas rurais. Na região do Semiárido, onde vivem 13 milhões de crianças, mais de 70% das crianças e dos adolescentes são classificados como pobres. Essas iniquidades são o maior obstáculo para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) por parte do País. E as violências sexuais que passam nossas crianças? Elas têm sofrido atos de violência por parte de adultos, como não eram registrados há séculos. Agora que a escala e o impacto de todas as formas de violência contra crianças estão se tornando mais conhecidos, as crianças devem ter meios de prevenção e proteção, de forma mais eficaz, vinculada ao sistema de garantia de direitos.
     Políticas públicas que coloquem em primeiro plano a melhoria de vida de crianças e adolescentes são essenciais para empreender transformações sociais. O Estado é omisso em políticas de garantia de promoção e proteção dos direitos, de vida, de saúde, de moradia e de educação. É lícito o Estado intervir quando crianças têm um direito ameaçado, violado e constrangido no exercício dos seus direitos, mas ainda há uma distância enorme no que diz a Lei e sua exequibilidade como política pública, numa perspectiva de garantia dos direitos, pois como apresentam as estatísticas, há um indicador de negligência das instituições públicas, no comprometimento por uma infância com base em valores e no rigor das leis.  

Fontes:


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Plenária Estadual #Rede Sustentabilidade


Rede Sustentabilidade comemora decisão do TSE

http://www.brasilemrede.com.br/index.php/noticias/963-rede-sustentabilidade-comemora-decisao-do-tse.html
Na noite de 28/08, a corregedora-geral eleitoral Laurita Vaz determinou providências no processo de registro da Rede Sustentabilidade. Relatora do caso, a ministra decidiu que cartórios devem cumprir o prazo de 15 dias para a certificação dos formulários de apoio à Rede Sustentabilidade. A medida atende parcialmente o pedido feito pela #rede na última segunda-feira e representa uma importante conquista no processo de homologação do novo partido a tempo de disputar as eleições de 2014.
Em seu despacho, a ministra também exigiu que os TREs do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Goiás, Mato Grosso doSul, Mato Grosso, Paraná, Piauí, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo, Tocantins e Distrito Federal retomem, em 48 horas, o trâmite processual para registro dos diretórios estaduais. Os tribunais regionais devem informar ao TSE sobre as medidas tomadas assim que elas forem colocadas em prática. 
“A relatora reconhece que há atrasos nos cartórios e nos TREs e tomou providências para que os processos andem nas próximas 48 horas”, avalia o advogado Torquato Jardim. 
Apesar de a juíza ter negado o pedido da #rede para que os cartórios eleitorais certifiquem as assinaturas por edital, a determinação do cumprimento dos prazos legais deve acelerar o processo de certificação das fichas de apoio que ainda não foram validadas,tornando desnecessário o uso desse expediente. Da mesma forma, a exigência da tramitação nos TREs dos registros dos diretórios estaduais dos 15 estados que já entraram com pedido há mais de 15 dias deve garantir o cumprimento de todas a exigências legais para o registro do partido. 
Até amanhã, a Rede Sustentabilidade reunirá todas as fichas coletadas que ainda não foram entregues e encaminhará aos cartórios eleitorais para que a margem de segurança seja aumentada. Atualmente, a #rede espera resposta de cerca de 220 mil fichas. 

sábado, 22 de junho de 2013

A voz que não pode mais calar!

Parabéns brasileiras e brasileiros!
O clamor de brasileiras e brasileiros nas ruas, enquanto movimento coletivo, é uma representação da diversidade na unidade, no campo dos direitos constitucionais. Uma convulsão social impressionante, linda, que agrega diversas pessoas, protagonistas, que levantam suas bandeiras, seus cartazes, suas vozes e clamam por um novo modelo de democracia e de desenvolvimento humano, com eixo em novos paradigmas éticos-políticos.
Desconstruir o projeto histórico de institucionalidade burguesa, que explora a força de trabalho do povo, há séculos, é inadiável. Projeto que vem impactando a população com o comando de poder e representação política, marcado estruturalmente por processos velados de alienação, sem inserir políticas públicas numa perspectiva que contemplem o compromisso com os direitos da população, necessidades, desejos e interesses da classe trabalhadora e do povo brasileiro. Por isso, milhares de pessoas nas ruas pautando a indignação pela falta do compromisso dos governos, convocando a um novo ordenamento político-institucional, de caráter transformador e emancipatório.
A juventude está nas ruas, são ativistas autorais, que não só refletem, mas respondem de maneira espontânea, transformadora e libertária a esse contexto social perverso, concentrador de riquezas nas mãos de uma elite, marcado por desrespeito a diversidade identitária das pessoas e pelo perverso sistema de desigualdades sociais. O povo quer mudanças, não mais para um futuro, mas, para uma agenda de curto prazo, dando voz a essencialidade humana, educação pública de qualidade, hospitais decentes, salários justos, crianças e adolescentes com proteção integral, jovens com oportunidades, cultura, segurança  e desenvolvimento do país com prioridades  numa perspectiva da esfera pública.
A gestão dos governantes não priorizam as ações públicas e não representam a população. Governos que acolhem a corrupção, desacreditados, não contemplam uma agenda de desenvolvimento de políticas públicas, como forma de defesa e promoção de direitos humanos. O povo não tem acesso a justiça como forma de proteção dos direitos fundamentais e constitucionais. O legislativo, uma vergonha, na verdade a pergunta poderia ser: quem não é picareta? Existe sim e é a minoria; os movimento sociais e suas expressões organizativas precisam dialogar e participar politicamente dos processos desses espaços nas decisões da política brasileira.
A Sociedade, inevitavelmente, precisa ser partícipe da construção de um projeto transformador, emancipatório, contra-hegemônico (social, cultural, econômico e jurídico) para dar uma nova cara ao nosso Brasil, sem exclusão, sem corrupção, sem homofobia, justo, com imprescindível atendimento público aos direitos essenciais da população.
Uma nova política de direitos humanos, que contemplem crianças/adolescentes, mulheres, afro-descendentes, indígenas, idosos, pessoas com deficiência, segmentos lgbtt, quilombolas, ciganos, população ribeirinha, população rural, enfim, a luta segue com clamor por efetivos gestores que contemplem a política de direitos humanos de forma geral, e que estanque a corrupção do dinheiro público! O povo acordou e cobra seus direitos inalienáveis! Dinheiro público para servir ao público.

A luta segue!

domingo, 26 de maio de 2013

www.brasilemrede.com.br, este eh o motivo por estar completamente tomada, com a organização da REDE SUSTENTABILIDADE, com a meta em conseguir assinaturas para legalização do partido, por isso estou sem tempo para escrever, mas em breve estarei de volta, ja com muitos assuntos em mente. Se vc quiser ajudar acesse o site, baixe a ficha, imprima e nos envie.

quarta-feira, 27 de março de 2013

O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, é a coisa certa?


                                                                   
         
           Responsabilizar, valorizar e intervir na alfabetização infantil é algo positivo e necessário, que compete aos governos federal, estadual e municipal, conjuntamente, como pretende o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, embora a questão idade, não seja o mais representativo, na minha opinião; acredito ser mais importante, estabelecer uma mudança de paradigma nos processos arcaicos e descontextualizados da educação. A rigor, investir em educação, é ter políticas públicas educacionais, que perpassam pela valorização e gestão da educação e dos profissionais da área. Não é razoável e determinador ter como perspectiva de mudança, o ato de alfabetizar, como fator isolado.
            Gostaria de ressaltar pelo menos duas questões fundamentais e indispensáveis, que precedem o processo de alfabetização de crianças e não são viabilizadas no Brasil. A primeira é a contribuição da literatura infantil, que interfere no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança. A leitura como instrumento desafiador, que propicia  a capacidade da criança em melhor expressar suas idéias. Porém, os governos não investem neste setor e existe um déficit enorme de bibliotecas nas escolas públicas do país, fato que desfavorece o processo alfabético infantil. É justamente através da linguagem simbólica que a criança inicia sua leitura de mundo, inicia o contato com a representação das letras, cria e reconta histórias e inicia seus rabiscos e garatujas.
            A segunda questão é a experiência da primeira infância, que insere a creche, e também não é oferecida para esta criança, para este público. Apenas 20% das crianças de até 3 anos estão na escola. A educação infantil é algo fundamental no processo de garantia da alfabetização, pois nesta fase se vivencia a socialização, que interfere na capacidade de aprender, no comportamento e na saúde mental da criança. É preciso que sejam estabelecidas bases fortes para uma educação posterior.
            James Heckman, prêmio Nobel de economia e autor do mais abrangente estudo já realizado sobre educação infantil e seus impactos no indivíduo e na sociedade, diz que "o Brasil ainda engatinha", e Jack Shonkoff, diretor do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard e professor da faculdade de educação da mesma instituição, diz: "aqui, oito em cada dez crianças de até 3 anos estão fora da escola. Crianças vindas de famílias com renda e escolaridade mais elevadas tendem a ser supridas desses estímulos em casa, mas as outras, não. Por isso, os índices brasileiros merecem atenção".
            Portanto, enfrentar isoladamente distorções regionais de analfabetismo, não é a solução mais adequada. O investimento será de mais de R$ 600 milhões e é preciso avaliar e aliar fatores indispensáveis, que contribuirão dignamente no processo de aprendizagem do público infantil. Ou seja, investir em educação infantil é coisa séria!

* Pedagoga e Representante do IMJOA (Instituto Marias e Joanas)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Processos espontâneos e as ondas do mar, inútil Abafar...



  Compreender o vai e vem, quase que assimétrico, da ternura e suavidade que observamos nas ondas desta linda Baía de Todos os Santos, é uma experiência renovadora. Não, não é a toa, ela realmente é de todos e todas!
Um espaço autogestionário que mesmo sendo poluído gradativamente, ainda possibilita a convivência de seres de diferentes espécies, de maneira harmoniosa, complementar, garantindo o espaço de cada um sem a necessidade predatória do extermínio, da usurpação, pela simples incompreensão daquele contexto plural e dinâmico.
Como em nossa Baía de Todos os Santos, no cenário político existem atores que tentam, aceleradamente e sem pudores éticos e morais, poluir um espaço que precisa ser pautado por transparência, harmonia e compreensão. Pensar em fazer política sem a sua integração participativa popular é, em sua medida, uma forma incompleta, ineficaz e auto-proclamatória. Coisa que a história recente vem mostrando não prosperar, seja em sistemas de governo em modelos democráticos, ou em modelos ainda em luta por democratização.
O discurso auto proclamatório vem mais uma vez sendo aplicado em um contexto totalmente deslocado da realidade. Os predadores, que na Baía lançam como estratégias de sobrevivência a tentativa de exterminar o pequeno (a presa) como forma de impedir que o próximo na cadeia de alimentação passe em sua frente; começam a se articular no ambiente político com toda sua arrogância peculiar... teimam em não querer enxergar a amplitude e dinâmica dos processos espontâneos de convivência e construção.
A dialética proposta nos clássicos textos de formação política das matizes de esquerda vem sendo secundarizada, dando voz ao desespero existencial.
Sim, até pouco tempo atrás o espaço para construção política em um organismo com o mínimo de integridade e envergadura moral era restritíssimo. Fato que aprofundou a discussão em torno deste sistema político ultrapassado onde os partidos, sob os desmandos de caciques, detém o monopólio da política.
É neste sentido, imperativo, uma nova forma de fazer política que incorpore na agenda democrática as formas e instrumentos de luta política da contemporaneidade, surge ainda que sob grande resistência das mentes conservadoras, sejam de esquerda ou de direita, dialogando aqui com o raciocínio ultrajado da velha forma de fazer política, enquadrando indivíduos de maneira estanque no alinhamento ideológico, um novo horizonte partidário. Inclusivo, ético, democrático e que luta por uma política econômica que leve em consideração o desenvolvimento socialmente sustentável. Eu estou aqui, sonhando e construindo uma forma não discriminatória, que respeita a diversidade e que pratica a democracia como forma singular de transformação, uma nova política.
O mundo muda, e ainda que nas lutas ainda persista a existência do lado hipossuficiente, desempoderado e impotente – derivado das relações de exploração historicamente construídas - como na relação do mundo do trabalho, a necessidade de uma nova forma de fazer política bate à porta da democracia brasileira.
Contra este importante processo coletivo, infelizmente, ainda existe setores que pelos seus discursos, só reiteram os traços da mesquinhez política. Setores que, na sua maioria, vêm neste último período construindo os seus próprios “meios e fins” deslocados das necessidades mais objetivas do povo brasileiro, como numa representação terapêutica de construção política. Alguns, inclusive, foram vítimas e agora, como proclamadores da autodeterminação política, julgam-se no direito de criminalizar uma tentativa que vem sendo amadurecida por uma Rede ampla e progressista de setores sociais que pretendem apresentar uma alternativa que dialogue com o a realidade social de maneira popular e atual.
Para esses, fraternamente, peço, não sejam tão desonestos intelectualmente. A Rede vem como uma necessidade de ressignificação da forma de se fazer política, considerando elementos estruturais, avanços de todos os campos, que sem criminalizar, busca configurar uma nova política, com respeito à diferença, princípios de sustentabilidade, humanização das relações e solidez na postura moral e ética na sua articulação política.
É tempo de compreendermos dialeticamente os processos que podem contribuir positivamente para o avanço e transformação, e neste imenso oceano, com espaço para todos, legitimamente, a rede foi lançada, e em tempo, ainda há espaço para mãos limpas ajudarem no seu movimento de construção.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Um Olhar de Esperança


     Segundo o Fundo de População da ONU, a população do mundo alcançou 7 bilhões de habitantes. Em cada canto novos paradigmas se erguem refletindo uma profunda consciência dos povos, por outros modelos de democracia. O mundo assiste uma das mais interessantes revoluções no momento em que o mundo passa por um processo de avanços sociais, econômicos e políticos, o mundo árabe busca abandonar o tradicionalismo das ditaduras, no campo político e religioso, buscando a garantia dos direitos humanos.
    A Primavera Árabe - manifestações realizadas com objetivo de questionar os regimes autoritários e ditatoriais, ocorrem em diversos países do Oriente Médio, Tunísia, Egito, Síria, Iêmen, Marrocos e Argélia, intensificam a mobilização na luta por valores democráticos, essenciais à dignidade humana, onde a população vem sofrendo desde muitas décadas, violência, falta de liberdade eleitoral, sem direito a voto e direitos essenciais. Vidas foram e  são asfixiadas e ceifadas pelas ditaduras que aprisionam, com forte repressão aos protestos, impondo medidas de rigor à população, para reduzir o déficit público, em função da crise financeira de dívidas superior à capacidade de pagamento em curto e médio prazo, aumentando assim as restrições aos seus direitos fundamentais.
    Vivemos no Brasil também momentos repressivos, uma ditadura, chamada  "era do chumbo", supressão de direitos constitucionais, censura e repressão política; pessoas foram presas, torturadas e mortas e em 1985, surge a redemocratização, quando o regime militar é derrubado por grande mobilização do povo.
    No Brasil, o período democrático recentemente completou 21 anos e cada vez mais avança o debate na promoção e defesa dos Direitos Humanos. Mas ainda convivemos com situações vexatórias e perversas de um sistema corrupto, que está imbricado nas veias do legislativo, executivo e judiciário, trazendo um desgaste e retrocesso às políticas públicas de saúde, educação, assistência social, cultura, ética, valores, comprometendo a dignidade e moralidade dos princípios constitucionais, consequentemente, violando direitos sociais de brasileiros e brasileiras.
    Direitos sociais que foram esmagados pela legitimização em torno da financeirização, numa lucrativa acumulação de capital. Modelo que exigiu novas formas institucionais nas relações de produção a partir de maior flexibilização do modo de acumulação capitalista, tudo em nome do desenvolvimento e harmonia social. Em consequência nossa sociedade vem apresentando altos contingentes de desemprego, subemprego, pobreza, miséria, violência, meio ambiente degradado, pouco investimento em políticas públicas educacionais e sociais, constatado por uma proteção social fragilizada.
     Ainda nesta sequência, sofremos a falta de compromisso no atendimento público, a pouca flexibilização na relação de trabalho e o estímulo a privatização em serviços necessários ao setor público.
    Precisamos de um Estado forte, não subordinado a uma matriz conservadora, patrimonialista, que emoldura uma realidade imposta pelo neoliberalismo globalizante, mas que se paute numa lógica humanista, responsável pelo desenvolvimento nacional com a garantia efetiva dos cidadãos. Mas, mudanças já se apontam e queremos construir uma sociedade livre, justa e solidária, numa perspectiva de garantir o desenvolvimento nacional, erradicando a pobreza e a marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e regionais, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
    E neste momento vivemos uma "revolução cognitiva", um momento histórico  na política brasileira,  a construção do Novo Partido, que tem na pessoa da Marina Silva a maior liderança. A política renasce a cada novo chamado,  por novos costumes políticos, por novos saberes, novos olhares, novos métodos, novos espaços de debates e produções.
     A expectativa é grande para as pessoas que pensam e querem ser protagonistas deste fabuloso momento. Mulheres, homens, Juventude, a Intelectualidade, lideranças populares e grupos desacreditados com a velha forma de fazer política.
    Gosto muito quando Marina diz que somos uma "Comunidade de Pensamento"; e somos, porque é chegado o momento da sincronia de pensamentos se apresentar, através dos projetos identificatórios com ideais mais coletivos, em detrimento aos pessoais e das relações sociais se pautarem numa lógica de propósitos humanísticos.
     Avante, a política é construída pelos humanos....e não descuidemos dos valores civilizatórios.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Marina defende o "ativismo autoral"


Marina diz que proporá novo partido
Marina defende o "ativismo autoral"
Autor(es): Por Daniela Chiaretti | De São Paulo

Valor Econômico - 11/01/2013
A decisão de criar um novo partido para acolher o grupo de apoio à ex-senadora Marina Silva será tomada em Brasília, em reunião ainda sem data marcada, mas antes do Carnaval. O encontro será de lideranças que, segundo Marina, "querem participar da política, e não ser espectadoras, mas protagonistas".
No encontro, Marina vai defender a criação do partido, embora ela tenha se manifestado contra a ideia desde que deixou o PV, após a eleição presidencial de 2010. Ela disse ao Valor que na época preferia "apostar em uma articulação mais ampla, transpartidária, com a proposta da sustentabilidade e de uma nova forma de fazer política". Hoje, porém, mudou de opinião: "No Brasil, infelizmente, como não existem candidaturas livres, avulsas, como há nos Estados Unidos e na Itália, ou você está dentro dessas estruturas ou você não existe".
Fundar ou não um partido? No início de fevereiro, possivelmente em Brasília, jovens, empresários, intelectuais, políticos, líderes religiosos e ambientalistas se reunirão para decidir o desdobramento institucional do Movimento por uma Nova Política, a frente suprapartidária lançada em 2011 pela ex-ministra de Meio Ambiente do governo Lula e ex-senadora Marina Silva. Trata-se do coroamento de dois anos de discussões deste grupo. A maioria é a favor de uma nova sigla, mas há resistência à ideia, principalmente entre os jovens. Se a decisão for por um partido puro-sangue, que dispute as eleições em 2014, terá que ser diferente.
É esta ideia que fez Marina Silva mudar de opinião. Quando saiu do Partido Verde, ela se opôs à criação de algo feito às pressas, para disputar as eleições em 2012. Agora diz que viu o movimento amadurecer, decantar, estar em sintonia com um ativismo moderno e espontâneo, que reconhece no mundo todo e batiza de "ativismo autoral". É formado por pessoas descontentes com a estagnação política, econômica e de valores e que não consegue fazer frente à profunda e complexa "crise civilizatória" atual.
Este novo partido, se confirmado, pode ter novidades em seu estatuto e a sustentabilidade como vértice. Poderá abrigar candidaturas livres, ter presidência de curto prazo e rotatória e até um pacto de não agressão a rivais nas disputas eleitorais. A seguir, os principais trechos da entrevista ao Valor:
Valor: A senhora irá formar um novo partido?
Marina Silva: É importante antes resgatar o processo político daquele grupo que viveu a experiência das eleições presidenciais de 2010, nestes últimos dois anos, desde que saímos do PV. Uma parte do grupo achava que se deveria criar imediatamente um partido. Eu era contra esta proposta.
Valor: Por quê?
Marina: Argumentava que não se cria partido por causa de eleição. Naquela época a avaliação era de se fazer um partido já para concorrer em 2012. Dizíamos que deveríamos apostar em uma articulação mais ampla, transpartidária, com a proposta da sustentabilidade e de uma nova forma de fazer política. E se, no futuro, uma parte deste movimento - que é muito maior do que a dos que querem fazer um partido -, quisesse decantar um grupo para ver se havia profundidade e identidade política para criar algo que não seja apenas mais um partido, com foco apenas em mais uma eleição, que era legítimo que estas pessoas fizessem isso. Eu só iria fazer esta discussão depois das eleições de 2012.
Valor: Como a senhora participou das eleições de 2012?
Marina: Apoiando candidaturas de forma exclusivamente programática. Engraçado como as pessoas se esquecem disso. Se fosse uma perspectiva puramente eleitoreira, eu teria me envolvido com muitas campanhas e com aquelas que poderiam estar comigo no futuro. Eu me envolvi com candidaturas que nunca vão se descolar dos seus partidos de origem.
Valor: Quais, por exemplo?
Marina: Apoiei a candidatura de Durval Ângelo [candidato derrotado à Prefeitura de Contagem], que é uma pessoa orgânica do PT de Minas, não vai sair do PT, mas tem compromisso com esta agenda. O próprio Serafim [Corrêa, candidato derrotado à Prefeitura de Manaus], ligado ao PSB. O Edmilson [Rodrigues, candidato derrotado à Prefeitura de Belém], que nunca vi questionar sair do PSOL. O Heitor [Ferrer, candidato à Prefeitura em Fortaleza], que não está cogitando sair do PDT. São mais do que indícios de que se está discutindo uma proposta de visão de mundo e de país. Aquela ideia de que o importante é formar uma comunidade de pensamento que pode ser de pessoas de diferentes partidos ou que não são de partidos, da academia, de movimento sociais, mas todos refletindo sobre a crise do modelo que estamos vivendo. Esta crise civilizatória que se expressa na política, na questão ambiental, na economia, em valores, em graves problemas sociais. É apostar em um movimento oceânico.
Valor: Como assim, oceânico?
Marina: Hoje uma parte da sociedade se movimenta de uma forma meio oceânica, integrada pelo forte questionamento do que está acontecendo no Brasil e no mundo, em relação à crise civilizatória. Me impressiona muito o reducionismo que se faz da discussão de tudo isso. A eleição faz parte de um processo, dá uma forte contribuição para a mudança da cultura política, mas não é um fim em si mesmo e não é a única forma de dar essa contribuição. Tem que existir um caldo de cultura transformador. Nestes dois anos tenho participado do processo político, mas não nesta agenda do poder pelo poder. Não fiquei na cadeira cativa de candidata à Presidência da República, mas no lugar de militante socioambiental. Queremos discutir a partir de novos patamares.
Valor: Há quem fale na falta de visibilidade sua nestes dois anos.
Marina: Continuei fazendo o que sempre fiz. Tive uma agenda intensa, para mim política é um processo vivo. E agora estou diante de um movimento que, pode ter certeza, não partiu de mim. Existem inúmeras pessoas, parlamentares, lideranças, grupos sociais que têm cobrado de mim uma posição. E eu, que segurei este processo até o fim das eleições de 2012, por uma questão de respeito ao legado que eu e Guilherme Leal [empresário da Natura e vice na chapa em 2010] suscitamos, tenho que me colocar. Não poderia me omitir diante do legado consistente que temos e que está propondo algo que, se não é um novo caminho, pelo menos é uma nova maneira de caminhar na política.
No Brasil, como não há candidaturas avulsas, ou você está dentro das estruturas, ou não existe
Valor: Mas a maneira de interferir na política é através de um partido. A senhora está considerando...
Marina: É também através de um partido. O problema é que os partidos começaram a ter o monopólio da ação política. No Brasil, infelizmente, como não existem candidaturas livres, avulsas, como há nos Estados Unidos e na Itália, ou você está dentro destas estruturas, em seus moldes tradicionais, ou você não existe. Mas não tivemos a reforma política e é preciso cumprir os processos legais se quisermos participar da política tradicional.
Valor: O que está sendo feito?
Marina: Lideranças políticas da sociedade, que querem partido ou não, mas que querem participar da política e não ser espectadoras mas protagonistas, têm me procurado para conversar. Tenho sugerido que, no início de fevereiro, se faça uma reunião para que este movimento tome a decisão. Vai continuar como movimento da sociedade? Vai ter uma participação na política institucional?
Valor: Já tem data e lugar?
Marina: A ideia é que aconteça antes do Carnaval, possivelmente em Brasília. Estes movimentos estão antecipando discussões, fazendo manifestos, propostas de estatuto. Isso está sendo feito independentemente da minha vontade, mas acho legítimo. Durante estes dois anos houve, de fato, um adensamento, uma decantação para evitar que fosse apenas mais um partido com apenas uma perspectiva eleitoral.
Valor: A militância política está mudando?
Marina: Acho que está mudando significativamente no mundo e no Brasil também. Hoje não é mais aquele ativismo dirigido pelos partidos, pelos sindicatos, pelas organizações clássicas que tínhamos. É um ativismo diferente, que chamo de ativismo autoral. Boa parte das pessoas que integram as causas do século 21 fazem isso porque estão alinhadas com os mesmos princípios mas também pelo prazer de experimentar uma ação política produtiva, criativa e livre. Muitos sentem desconforto com a política separada da ética, a economia separada da ecologia.
Valor: Quais são estes canais?
Marina: Pode-se identificá-lo, por exemplo, nas manifestações recentes contra a corrupção, que não foram convocadas por nenhum partido político. A menina que fez aquele movimento para melhorar a escola dela é caso típico deste ativismo autoral. Os movimentos "Ocupem Wall Street". A própria campanha de 2010 foi assim, porque o PV não tinha estrutura, não tinha tempo de televisão, as pesquisas diziam que eu estava estagnada em 8%. E mesmo assim, as pessoas, autoralmente, fizeram um processo político. Isto é uma tendência no mundo. Eu estou dialogando com isso. Talvez esteja mesmo no ostracismo para o velho ativismo, de movimentos a serviço de um partido.
Valor: Pode explicar melhor?
Marina: É como se tivéssemos uma grelha com brasas: as brasas juntas produzem calor para aquecer uma pessoa, mas se estiverem separadas, irão se apagar. O que agrega as pessoas são os ideais e um dos fortes ideais hoje é a sustentabilidade. Mas entendendo a sustentabilidade não só como uma maneira de fazer, mas como uma maneira de ser, uma visão de mundo, um ideal de vida que deve perpassar a economia, a ciência, a tecnologia, a relação do homem com a natureza e consigo mesmo.
Valor: E como poderia se traduzir isso na realidade de um partido?
Marina: Se a decisão for por um partido, no meu entendimento tem que ser com esta visão antecipatória. Não dá para ser a favor da reforma política e não agregar neste novo instrumento institucional os elementos da reforma política que queremos que aconteça.
Valor: Como o quê, por exemplo?
Marina: O PT foi capaz de antecipar várias coisas no seu tempo. Naquela época os partidos se constituíam e as decisões eram tomadas pelas convenções com os delegados oficiais. O PT colocou em seu estatuto que as decisões seriam pelo pleno do partido e a convenção oficial referendaria a decisão tomada pelo pleno do partido. Foi assim até que se transformou em um partido convencional como qualquer outro, mas isso é recente. É possível, mesmo na atual legislação, ter uma política mais aberta, democratizar a democracia. E os partidos políticos têm que dar a sua contribuição.
Valor: Se o movimento decidir pela criação de um partido, como ele seria diferente dos outros?
Marina: Sou a favor, e boa parte do grupo também, das candidaturas livres. No Brasil, sem reforma política, não se consegue isso, mas dá para antecipar. O partido tem um programa e princípios, e quem está vinculado a eles poderia, mesmo não sendo orgânico do partido, ter uma legenda. Do mesmo jeito que se tem 30% para mulheres, se poderia ter, também, 30% para candidaturas respaldadas pela sociedade desde que coerentes com princípios e valores. É possível antecipar a ideia das candidaturas livres resguardando 30% de vagas para personalidades, ou pessoas de movimentos sociais, que queiram articular programaticamente uma lista de apoio e ser homologado pelo partido. Porque, para concorrer, é preciso ter uma homologação institucional.
O ativismo autoral está em manifestações apartidárias contra a corrupção ou como a "ocupe Wall Street"
Valor: E no financiamento?
Marina: O financiamento público de campanha hoje não é possível. Mas é possível um financiamento popular de campanha? Em vez de poucos contribuindo com muito ter muitos contribuindo com pouco? Há duas propostas sendo debatidas. Uma, que seria só pessoa física, sem limite de contribuição. Advogo a ideia de que poderia ser empresas e pessoas físicas, com teto de contribuição. Teríamos que discutir este teto.
Valor: Defenderia a reeleição?
Marina: Sou contra a reeleição para cargos executivos, que no meu entendimento é um atraso na realidade do Brasil. Poderia até ter mandato de cinco anos, mas sem direito à reeleição, porque as pessoas não fazem o que é necessário e estratégico para o interesse do país, mas fazem o que é estratégico para o interesse da sua própria reeleição. Esta é uma visão minha, não do grupo.
Valor: A legislação permite todas estas mudanças?
Marina: Com certeza. Se você estabelecer que o financiamento da campanha vai ser só de pessoa física, isso está no estatuto do partido. Se disser pessoa física e empresa, com um teto, se está no estatuto do partido, não há problema. Se alguém consegue uma lista de assinaturas o endossando, proporcional à realidade de seu município ou sua região eleitoral, por exemplo, e se essa sua plataforma é coerente com os valores do partido, pode-se homologar a filiação sabendo que esta pessoa não quer ser um militante orgânico do partido, mas é alguém que representa a sua causa. E que a sua filiação é puramente uma exigência da atual legislação, que não permite candidaturas livres.
Valor: A sustentabilidade seria o eixo do partido?
Marina: A questão da ficha limpa seria algo a priori e o compromisso com a sustentabilidade seria algo no vértice de tudo. A ética na política teria que ser condição "sine qua non", não pode ser uma bandeira. Mas, por exemplo, poderia ser um partido que tenha uma presidência por um tempo, que não seja por um tempo eterno. A cada ano, teríamos outro presidente para evitar cristalizações. O PV na Alemanha, por exemplo, tem um homem e uma mulher como presidentes. Tem coisas que já dá para fazer. Pessoas como o economista José Eli da Veiga, o cineasta Fernando Meirelles, o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, o economista Eduardo Giannetti da Fonseca não sei se vão se filiar, mas são pessoas que têm o direito de participar, de votar, de apresentar propostas. São protagonistas do processo político. Tem que ter mecanismos novos porque senão vai ser mais do mesmo. O que está se discutindo é outra coisa, é uma visão de país, de mundo, do que o século 21 exige de nós. É um esforço, ninguém tem a resposta. As coisas estão sendo produzidas nos espaços da polarização, que é estagnante.
Valor: Outra novidade?
Marina: Um partido político hoje tem que ter um pacto de não agressão. Eu posso fazer uma critica à presidente Dilma [Rousseff] ou ao [ex-]governador [José] Serra e não precisa ser no diapasão destrutivo que virou a política. Viramos a cultura da acusação e da queixa.
Valor: Há quanto tempo esta discussão vem acontecendo?
Marina: Estou repensando a ideia do partido. Não poderíamos fazer de forma só para participar da eleição de 2012. Isso aconteceu, o amadurecimento desta ideia, ao longo de dois anos. Há muitos que querem mais do que um partido, algo que seja um projeto de país. Isso não é uma decisão que será tomada agora, isso está em discussão desde que nos separamos do PV.
Valor: Mas dá tempo de participar da eleição de 2014?
Marina: Não sei se dá tempo. Me perguntaram se poderia ser mais fácil ir para um partido já existente ou fazer uma fusão. Poderia ser mais fácil, mas não o mais coerente. É preferível correr o risco de tentar manter a coerência. Se não for possível, paciência. Tentou se fazer algo que faça diferença e não um processo puramente eleitoral.
Valor: Como a senhora vê o Brasil hoje? A crise energética, por exemplo?
Marina: Infelizmente o Brasil não foi capaz de criar uma agenda do século 21. O Brasil tem condições de dar energia diversificada e distribuída, mas não tem levado isso a cabo, e aposta em modelos que estão falidos, centralizados, dos grandes empreendimentos. Ser o país detentor da maior área de insolação do planeta e não apostar em energia solar, dá uma tristeza. Temos um modelo que não se abre aos diversos segmentos da economia.
Valor: Como a senhora vê a discussão do PIB, do quanto o Brasil cresceu. Poderia ter sido mais?
Marina: A gente não pode tratar o Brasil como se fosse uma ilha separada do mundo. O Brasil faz parte desta velha economia e está em crise junto com ela. Uma crítica que eu faço é que não se aproveita a crise para ir rumo à nova economia, mas não posso imaginar que o Brasil é uma bolha de prosperidade separada do mundo. Tanto estão errados os que estão dentro do governo e venderam a ideia de que o Brasil está imune à crise, como se a presidente Dilma pudesse fazer uma mágica e nos colocar em uma ilha de prosperidade separada do mundo. Poderíamos fazer investimentos em outra direção. Mas a presidente Dilma não tem uma varinha de condão para fazer essa mágica.
Valor: E quais são os próximos passos do movimento?
Marina: As pessoas estão conversando entre si. Parlamentares, ex-PV, ex-PT, pessoal da academia, da juventude, gente que quer partido, gente que não quer. Todos estão conversando. No início de fevereiro a ideia é ter este encontro, como uma preliminar. Feito isso, os grupos podem criar um instrumento para a política institucional. E aí há grupos se antecipando para levar propostas para a segunda parte da reunião, por causa do calendário eleitoral.
Valor: Qual é a sua posição?
Marina: Acho que amadurecemos sim. A própria forma como as coisas estão acontecendo fez uma boa decantação daquelas ideias de que se tratava de só mais um partido e que precisávamos ter alguma coisa para estar nas eleições de 2012 de qualquer forma. Agora está claro que se trata de algo maior do que um partido. É um movimento.
Valor: Se o partido sair, será de esquerda?
Marina: Na campanha, quando me perguntavam e ao Alfredo Sirkis [deputado federal do PV do Rio] se estávamos à esquerda ou à direita, dizíamos que estávamos à frente. Uma frente da sustentabilidade na política, na economia, nas instituições. É importante criar um caldo de cultura política para terminar com esta estagnação da política.
Valor: E os líderes evangélicos, como estão nesta discussão?
Marina: Ninguém está participando como líder religioso, mas como cidadão. Ninguém vem em nome de sua ONG, mas como cidadão. Estamos vendo a política como um processo novo e vivo, 2010 não tem como ser repetido. É um novo processo.